O Silênci(a)dor

Há prisão mais enfadonha que o calar?

Mas quais motivos tenho para falar?

A dor de ver alguém partir?

Ver correntes a me infringir?

Calar pode significar em demasia sofrer.

Falar sofrendo traz ao cativo a possibilidade de se libertar.

Sofre dor, quem, com correntes permanecer.

Sonh(a)dor, não se cale, ao despertar.

Dê lutas, aos lut(a)dores.

Dê histórias, aos histori(a)dores.

Dê narrativas, aos narr(a)dores.

Dê pirraças, aos silenci(a)dores.

O mal do silêncio vai estar na ausência.

Está no deserto de suas vontades.

Na morte negligente sem nenhuma procedência.

No desequilíbrio, entre entendimentos e verdades.

Dê palavras, às senhoras poetisas.

Dê lágrimas, às senhoras carpideiras.

Dê jardins, às senhoras babilônicas.

Dê poder, às senhoras bruxas.