Todas Aquelas e Nós, em Mim
Era frio
Quando olhei pra trás
E não me enxerguei mais
Eu era todas aquelas numa só
As que fui e as que ainda nem sei que sou
É quando me encontro:
nas partes submersas,
no desaguar ardente,
doce, amargo e quente
Diante do que me torno
Dançando descalça
E nua, na chuva,
uivando pela noite vazia
pelas ondas azuis
pelos Carnavais,
pelas ruas
que me transbordam e transformam
com a força das marés
e os ciclos das minhas luas.
Era frio
e feito vidro, vi sangrando meus prantos
Nua de mim
e distante de quem já fui
saio por um mundo que desconheço
Sofro dores de partidas,
Viro um oceano de mistérios
Agarro-me em sonhos que ficaram
e corto-me com as danças da minha própria língua
Sou este frio queimando minha alma deserta
Encontro-me mergulhada em desejos que encharcam minha cama
Com as forças de quem sou agora