Planos
Passei noites em claro,
Pensando no que fazer,
Para fugir dessa angústia,
Que insiste em reaparecer.
Criei normas e regras,
E busco o plano exercer,
Querendo um caminho exato,
Para nele,
Não me perder.
Bússola não faz mais sentido,
Quando a estrada atordoa,
Ao norte vi precipício,
Ao sul,
Beira de abismo,
De leste a oeste,
Paredes,
O chão,
Que resiste aos passos,
No céu,
Há penas,
Apenas,
Asas,
De todos os seres que voam.
Meu dinheiro é limitado,
E ele,
Me escravizou,
Escrevo prosas e versos,
Em troca de alguns trocados,
Mas do reverso ao avesso,
Me sinto envenenado,
Para expelir o veneno,
Uso papel e caneta,
E essa fuga da morte,
Me deixa endividado.
Um falso arrimo de família,
Onde,
A mãe é dona casa,
Pai que vive a trabalho,
E o filho,
É só tristeza,
Tanto esforço se faz,
Pra ter comida na mesa,
E nas noites o sono não vem,
E expõe as suas fraquezas.
Chora pela morte do ser,
Pelo distanciamento do prazer,
Desejos,
Velados em cortejo,
E aos céus,
Velas acesas.
Para!
Tá tudo errado.
Quero um pedaço de chão,
Me enterre direto à terra,
Pois eu dispenso o caixão,
Não quero flores,
Nem velas,
Plantem o meu coração,
Para que brote algum fruto,
Talvez em morte,
No luto,
Consiga gerar riquezas.