MARUIM

Guarda-sol é livro de cabeceira.

Sou Luci-Maruim

(mosca pequena),

aferrada ao voo

ao redor da lâmpada do quarto.

O verso antídoto

livra-me do veneno

das coisas tolas.

Se o fim da página

inaugura auroras? (divago)

Tenho névoas nos olhos

Só enxergo bem de perto.

O vento acerta na mosca,

ao vê-la do lado de fora.

De longe se faz perto, e solta a prosa:

Um tanto de água dá flor

Vim do mar agora — flor de sal é branca;

do Himalaia trago rosas.

Por que choras, Maruim?

Tantas penhoras ao Sol,

e ele está na praia — aquecendo a água.

A Lua logo vem; ela veste prados.

O rio é brabo e usa véu

Dizem que é cascata.

— Tudo é rio, salvo os cristais da alma.