LAVAR A ALMA!
O horizonte teceu o firmamento riscado no escarcéu,
E sem demora tudo se organiza na contemplação,
Alvoroço com o escarlate a se perdurar antes da noite,
Que vinda aclamada com o pôr do sol,
E lá no céu, a escuridão a envolver as estrelas,
Se acendem com os fachos da cauda do sol,
Porejando pelo obscuro do véu, o resplandecer;
Sem demora a lua no minguante, se arrepia...
A brisa fria, a se demorar na visita,
Passa o vento à varrer a estação,
E tudo brota suave, a seiva se renova...
É o simples sabor e o olor da natureza,
Até a alma se vira do avesso, da paixão,
E brinca entre os relapsos do crepúsculo;
E quando as memórias se desnudam
Amores roubados acordam da alma,
Prospectam os sentimentos calados,
Na hora e no tempo, dos sonhos,
Pela fresta da sabedoria, a escuridão
Se confunde ao encontrar o esplendor,
E tudo o que se pode confiar neste mundo,
É como cofiar a barba, e amolar a sola do sapato,
Pelos caminhos que entre flores e pedregulhos,
Perpassam e endividam as memórias,
E póstumas ficam as ligeiras ânsias,
Mesmo que postumeiro, seja acender,
Os uivos e os silvos para depois amanhecer,
Com a áurea, e enamorar no silêncio do escuro,
Sentir o abraço sem aperceber, apenas sentir,
O toque e o arrepio, de quem nos protege,
E agradecer, dobrar os joelhos ao infinito olhar,
Estender tudo o que dói no coração,
No varal com as cordas celestiais,
E com fervor esperar, que sem retalhos,
As asas do universo, cubram com seu manto,
E renovem com benevolência, a esperança,
A apaziguar, as interações no cruzamento...
Das estradas, a serem percorridas a exalar o sorriso,
Feito centelhas, terra úmida e garrida,
Por entre convicções perenes a escrever história,
E se perdurar, a escuridão...
Que ela venha com a chuva,
Para dançar e cantar,
E lavar a alma!