Antropologia
Quando eu morrer muito velho, ouçam isso:
Deixei a muito tempo de ser apenas uma criança que brincava
Esqueci-me de ser gentil como o sol e a água
Deixei de crer na religião que só os homens tem
Corrói-me pelas coisas que desejei
Procurei por tantas coisas que já nem mais sei
Acho que não há mais explicação,
Cobicei tanto, que escapou-me estar sob o sol e a chuva
Embriaguei me por dinheiro quando pobre
Sobrei-me com dinheiro por saúde
Tenho certeza que pisei sobre um ou outro
Xinguei a quem tinha raiva pelo tempo perdido
Entre reuniões, trabalho e extensões
Tive 3 filhos, me pergunto onde estão,
Que não veem mais me ver
Muitas vezes eu amei, mas julguei não ser amado
Não fui amado por uma única grande razão
Penso sobre isso em algumas noites
Fui devorado por tantas coisas
Que entre trabalho, descanso e festas
Levavam pedaços de mim
Tenho saudades diversas e fortes desejos de mudanças
Queria a energia que outrora habitava meu corpo
Para voltar e fazer tudo de novo
Já fui criança, tolo, máquina mas hoje sou coisa
Consolo-me voltando ao sol e a chuva
E sentado outra vez a porta daquela casa.
Afinal os campos são sempre verdes
Para aqueles que são amados
Como são para aqueles que não
Sentir é estar distraído ?