Antropologia

Quando eu morrer muito velho, ouçam isso:

Deixei a muito tempo de ser apenas uma criança que brincava

Esqueci-me de ser gentil como o sol e a água

Deixei de crer na religião que só os homens tem

Corrói-me pelas coisas que desejei

Procurei por tantas coisas que já nem mais sei

Acho que não há mais explicação,

Cobicei tanto, que escapou-me estar sob o sol e a chuva

Embriaguei me por dinheiro quando pobre

Sobrei-me com dinheiro por saúde

Tenho certeza que pisei sobre um ou outro

Xinguei a quem tinha raiva pelo tempo perdido

Entre reuniões, trabalho e extensões

Tive 3 filhos, me pergunto onde estão,

Que não veem mais me ver

Muitas vezes eu amei, mas julguei não ser amado

Não fui amado por uma única grande razão

Penso sobre isso em algumas noites

Fui devorado por tantas coisas

Que entre trabalho, descanso e festas

Levavam pedaços de mim

Tenho saudades diversas e fortes desejos de mudanças

Queria a energia que outrora habitava meu corpo

Para voltar e fazer tudo de novo

Já fui criança, tolo, máquina mas hoje sou coisa

Consolo-me voltando ao sol e a chuva

E sentado outra vez a porta daquela casa.

Afinal os campos são sempre verdes

Para aqueles que são amados

Como são para aqueles que não

Sentir é estar distraído ?

Cristelli
Enviado por Cristelli em 30/03/2024
Código do texto: T8031472
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