Reflexão
Terra amiga em cujo seio
A semente imergida
Morre e doa-se à vida
Em resposta a todo anseio.
Que a fecunda lhe engravida
Para a explícita missão
Quando frutos desse grão
Façam o sangue para a lida.
Salve ó nobre camponesa!
Nos rincões Brasil afora
Que ao sol exsuda cora
Garantindo o pão à mesa.
Eu pergunto com despeito
Ao peão em terra alheia
Como a fé não lhe escasseia
No recesso do seu peito...
Vendo a sua consorte
Esperando mais um Ser
Que mal têm o que comer
Duvidando que haja morte.
Água ainda uma raridade
Livros roupa carne leite
Hortelã a alface o azeite
Contrastando com cidade...
Em que os deuses no bozó
Comem mais do que o patrício
E o urubu por desperdício
Lixo urbano é um luxo só!
Que memória esquecida...
Desse status chic urbano
Se a tudo vai comprando
Libra não resgata a vida...