Exaltação
O movimento dos teus lábios podem ofuscar
Os olhos mal treinados que te mapeiam da cabeça aos pés.
As palavras pesadas, que carregam mais ouro do que juízo
Servem de muleta para os indecisos
Que ainda não acharam o humano certo à venerar.
Mas não por falta de aviso - a descrença é um conceito antigo,
Moderno, atemporal.
A única divindade capaz de burlá-la é este que vos fala
E que observa de longe as pífias tentativas
De cativar quem possui baixa resistência.
Você anda, desfila, rodopia
Sistematicamente derruba seus pertences e eloquência
Buscando não somente que te devolvam o que deixou,
Mas também ofertas de carinho e assistência.
Você agradece do jeito certo, reage de forma plástica
Tentando nos convencer que sua prática
É tão natural quanto as moscas que rodeiam nossa comida.
Mas não a mim.
Veja, o cálculo dos teus movimentos é aparente,
E fica clara a intenção quando todos os seus caminhos levam para o mesmo lugar.
Se não há diferenciação dos resultados, sabemos que não é um caso isolado
Que convenientemente aterrissou no meio destas pessoas.
É preciso planejamento para a igualdade repetida,
Fabricar uma vida é mais difícil do que parece.
Carece de tato, ouvidos e olfato
Para se tocar quando as palavras não cheiram bem.
Mesmo que o hálito seja impecável,
A ruína é notável quando a estrutura está prestes a se desfazer.
Nada é mais natural do que a naturalidade,
Os movimentos erráticos, a desigualdade das certezas,
Motivos reais que nos levam a crer,
Que falamos com uma pessoa real.
Vestimentas usadas para tapar do que se vergonha de mostrar ao público,
Cicatrizes, marcas, silhuetas
Coisas que te igualam aos seus súditos,
Cujas jamais saberão.
Uma história que se repete,
E se repetirá a exaustão
Que antecede um momento crítico
E a dura percepção
De que os ponteiros punem quem não avança;
Plantados na mesma posição.
Sua vida não vinga, e então se vinga
Semeando um pouco de controle,
Nos escravos da percepção.