O Corpo Fala
Sobrancelhas cerradas
Que dançam tresloucadas
Lábios atacados por dentes
Olhos que tentam não chorar
Que não sabem para onde olhar
Aquele corpo escultural no trem
Não pertence a ninguém
Os homens a cobiçam feito carne
São fortes, porém frágeis
Ignorantes sobre a sua dor
Seus cabelos negros irretocáveis
Cobrem o rosto de choro
E ela dorme no trem do metrô
Dedos entrelaçados, apertados
Em espasmos que exprimem dor
Quanta falta de amor
Quantas lembranças enevoadas
Habitam sua psykhé feito fantasmas
Lembranças de experiências passadas
Ela dorme no trem do metrô
A alma sangra, o corpo fala
Eu a deixei dormida
Sob olhares maliciosos
Um enorme corpo frágil
Perdido na linha lilás do metrô