O Corpo Fala

Sobrancelhas cerradas

Que dançam tresloucadas

Lábios atacados por dentes

Olhos que tentam não chorar

Que não sabem para onde olhar

Aquele corpo escultural no trem

Não pertence a ninguém

Os homens a cobiçam feito carne

São fortes, porém frágeis

Ignorantes sobre a sua dor

Seus cabelos negros irretocáveis

Cobrem o rosto de choro

E ela dorme no trem do metrô

Dedos entrelaçados, apertados

Em espasmos que exprimem dor

Quanta falta de amor

Quantas lembranças enevoadas

Habitam sua psykhé feito fantasmas

Lembranças de experiências passadas

Ela dorme no trem do metrô

A alma sangra, o corpo fala

Eu a deixei dormida

Sob olhares maliciosos

Um enorme corpo frágil

Perdido na linha lilás do metrô

Luís Carlos Pileggi Costa
Enviado por Luís Carlos Pileggi Costa em 14/03/2024
Código do texto: T8019333
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