O Quarto

Eu entro no quarto... quanto tempo... está tudo empoeirado.

Tudo que tem nas gavetas são momentos e gritos abafados ̶ e eu os libero...

Vejo o vapor voar pela janela, e da janela observo uma única estrela miúda ̶ acreditando em si mesma sozinha.

Um sorriso é minha única reação, afinal, quanto tempo passou.

Você cresce um pouco todos os dias, e então cresce tudo de uma vez... e de algum jeito as estruturas não te cabem mais.

Os batimentos cardíacos finalmente se acalmaram, o lusco-fusco sorriu para mim !

Agora consigo sentar na areia da praia e simplesmente com as ondas me juntar... não posso mais contá-las.

As luvas, os colares e os paletós ̶ eu cresci para fora deles

Não preciso mais de costumes ou aprovação.

Tanta coisa aconteceu fora desse quarto... alguns cômodos continuaram em azul, houve um que era rosa, e agora eu não preciso mais de linhas. Tantas folhas ao vento, o outono sempre me traz um bom presente... mas estamos no meio do verão.

E pela primeira vez o verão não me deprimiu., na verdade, pela primeira vez eu me adequei ao clima do verão.

Me tornei uma manhã ensolarada, ainda não sou meio-dia, mas já não é mais noite.

Vou colocar esse quadro nesse quarto, e um aviso para quem adentrar, ou melhor, recomendações caso você deseje se aventurar: Deixe suas bagagens emocionais nas gavetas antigas, agora desocupadas.

Para os que vierem aqui depois de mim: coloque um espelho, sorria e se alegre

Porque o Sol levantou

e esse quarto se tornou ̶ iridescente

E tudo isso foi só mais um instante

de ser.

continue sendo, e o texto não termina

André S Albuquerque
Enviado por André S Albuquerque em 29/02/2024
Código do texto: T8010061
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