O Quarto
Eu entro no quarto... quanto tempo... está tudo empoeirado.
Tudo que tem nas gavetas são momentos e gritos abafados ̶ e eu os libero...
Vejo o vapor voar pela janela, e da janela observo uma única estrela miúda ̶ acreditando em si mesma sozinha.
Um sorriso é minha única reação, afinal, quanto tempo passou.
Você cresce um pouco todos os dias, e então cresce tudo de uma vez... e de algum jeito as estruturas não te cabem mais.
Os batimentos cardíacos finalmente se acalmaram, o lusco-fusco sorriu para mim !
Agora consigo sentar na areia da praia e simplesmente com as ondas me juntar... não posso mais contá-las.
As luvas, os colares e os paletós ̶ eu cresci para fora deles
Não preciso mais de costumes ou aprovação.
Tanta coisa aconteceu fora desse quarto... alguns cômodos continuaram em azul, houve um que era rosa, e agora eu não preciso mais de linhas. Tantas folhas ao vento, o outono sempre me traz um bom presente... mas estamos no meio do verão.
E pela primeira vez o verão não me deprimiu., na verdade, pela primeira vez eu me adequei ao clima do verão.
Me tornei uma manhã ensolarada, ainda não sou meio-dia, mas já não é mais noite.
Vou colocar esse quadro nesse quarto, e um aviso para quem adentrar, ou melhor, recomendações caso você deseje se aventurar: Deixe suas bagagens emocionais nas gavetas antigas, agora desocupadas.
Para os que vierem aqui depois de mim: coloque um espelho, sorria e se alegre
Porque o Sol levantou
e esse quarto se tornou ̶ iridescente
E tudo isso foi só mais um instante
de ser.
continue sendo, e o texto não termina