Orfeu
O Estado é fraco,
E cada um,
Cuida dos seus.
Deus virou negócio,
Religião,
Se corrompeu.
Eu não tenho sócios,
E assumo,
Os erros meus.
Carrego meus pecados,
Sofro pelas consequências.
Coroa de espinhos,
Suporto a cruz,
Que Jesus me deu.
Latino americano,
De dívidas com os europeus,
Ascendente de escravos,
Pago pelo o que o meu sofreu.
De herança cicatrizes,
O trauma não se resolveu,
Por nada anda abolição?
Não vi,
Será que desapareceu?
A agonia me invade,
Sou eu,
O próprio Orfeu?
Vou desbravando o mundo,
Transformo o sonho em arte,
A resistência me invade,
E bato,
Naquele que me mordeu.
Minhas palavras são castigos,
Pois o meu grito,
Morreu,
Não tenho paz,
Só atrito,
Cicuta em chá,
É servido,
Enquanto brigo pelo apogeu.