Como disse o carnaval

A quarta-feira chegou embebida

De paixão e melancolia

O sábado foi deslumbrante

Ante a toda entrega envolvida

Receber e dar vida

Do encontro à partida

Que veio junto com as cinzas

Da terça que a preludia

O santo que bate

O fogo que incendeia

A liberdade que escarneia

Qualquer padrão que não se encaixe

Nas minúsculas camas

Damas e quase-vagabundos

E até que se acabe o mundo

Não queremos retornar ao drama

Os ligeiros quatro dias

Sem fim e avassaladores

Escondem e revelam dores

Mas transbordam de vivacidade e alegria

Tempo sem mais-valia

Valei-me Nossa Senhora Aparecida

É fim de carnaval

E não sei mais onde fica a saída

Queria era ficar com a fantasia

E não lidar mais com o cotidiano

Mas não vou reclamar

Ainda há uma vez por ano

Quinta-feira

se acabou

A ansiedade voltou

Ofegou,

ficou à beira

Mas não colapsou.

Ai quem dera se todo dia fosse carnaval

E inventar alegria fosse normal

Uma mera ilusão atemporal

Dos que querem esquecer

A dor, descomunal

Deixa desaparecer

É tempo de aprender

Como disse o Carnaval.