Quarta de Cinzas
Diz a música,
Entre o prenúncio e o agouro:
Todo Carnaval tem seu fim.
E as cinzas,
Lembranças vivas e saudosas
Do que se quer (re)viver,
Invade tal qual maré em ressaca
Os pensamentos fúnebres de um dia qualquer.
Desatentos, talvez nem percebamos que,
Aos milhares, espalhados por aí,
Foliões ainda haverão de dançar diturnamente.
Esses sim, cientes que enquanto houver:
Purpurina no olhar,
Serpentina nos braços,
Tamborins nos quadris
Ritmo entre as pernas,
Gritos nos lábios,
Poesia na memória
E samba no peito,
O Carnaval pode se transformar.
Não em momento que se abrevie,
Mas em brevidade que se eternize.