Decidi continuar vivo

No dia em que decidi

Continuar vivo

Foi só porque

Quis continuar sentindo

O vento suave na face

Saborear o vinho costumeiro

E nem só o vinho

Saborear as comidas cotidianas

Gostosas e

Experimentar outros pratos

Foi só sentir saudade de ver

A paisagem bela

Já conhecida ou por conhecer

Não quis ir para o silêncio inexorável

Pois senti saudades de

Conversar com amigos

Bater aquele papo prazeroso

Rir de troças engraçadas

Falar e ouvir histórias e casos

Ah! Como faz falta um abraço

Um beijo, um sorriso, um afago

E nem se mencione um chamego

Numa cama quente e fagueira

Pois não se deve nem pensar na falta

De apreciar uma boa canção

Nos ritmos vários existem por aí

Sorver uma água límpida e fria

Numa tarde acalorada

E ouvir tocado com garbo

Um instrumento musical

Pois sim, participar de uma festa

Com amigos antigos e recentes

Deixar de ler um livro bem escrito

E de acompanhar uma história bem contada

Andar, ver o mundo, as coisas e as pessoas

Pisar em chão com flores e pétalas nas calçadas

Ver crianças brincando e até soltando raias

E aquele momento de enternecimento

De lembrar dos queridos, das coisas boas

Molhar os pés nas águas da praia ou do rio

Ver a garça, a gaivota, a cotia e filhotes

Fazer carinho nos gatinhos e nos cachorrinhos

E os reencontros, as confissões, as expressões

De compreensão dos achegados

Rever as pessoas da família, lembrar juntos

De vivências comuns

E a viagem de retorno aos lugares

Ou de encontro com cidades nunca vistas

Não, não quis perecer ainda

Teria de ver e admirar mais pessoas belas

Assistir a mais dramaturgias, no teatro

No cinema e na televisão (agora há plataformas de

Streaming)

Pois não é que faria falta escrever uma poesia

Para dizer coisas belas à toa,

Brincar com as palavras

Tentar chegar ao sentimento das pessoas!

Para isto vivi e não me permiti perecer

E não consenti meu corpo se alhear

Tive labuta, mas convenci

Meu corpo a resistir

Instei não teria vantagem alguma

Irmos agora

Ele não teria mais muitas coisas

Boas e ficaria inerte

E se desfaria para sempre

Meu corpo entendeu

E com tudo apontei para viver

Vou convencendo meu corpo

Dia a dia para as coisas importantes da

Vida.

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 15 de fevereiro de 2024.

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 15/02/2024
Reeditado em 15/02/2024
Código do texto: T7999314
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