Chega!
Eu não sei o que é ter um amigo
nem um alguém para pedir ajuda
naquelas horas de fel que a vida nos dá.
A chuva cai tão forte
e não existe ninguém para trazer um cobertor;
além da chuva vem o frio.
Sinto que todos os corações estão gelados
numa caixinha de ferro e desprezo.
O rio perene se pinta tranquila pelo firmamento
e minha voz se cala, se espalha e se nega
quando não há mais nada a dizer.
Escrevo para o futuro, mas o futuro não há
não há aquela taça de vinho
nem os pães adormecidos
para alimentar o ego de tanta gente precipitada.
Nem sempre a verdade faz dor
nem a música que eu tanto gosto me faz chorar
choro pela ruína da gente, choro pelo que não se fez e não fiz
e aquele anjo escondido no deserto me disse: “Chega!”
É hora do agora do instante e não esqueça de olhar
o quanto é belo e distante a eternidade e sua saudade.