Espelho

Estrada

à

noite

que

faz tropeçar

o coração

incauto

do homem vazio à procura de Deus.

Vazio,

se importa em encher pulmões e lábios,

fumaças de embriaguez

que despenca ladeira abaixo

por sobre todos os rituais

de giz e cera a que se deu.

Estrada afora,

ensino torpe,

letras de barro

encharcadas no sangue alheio,

Inexplicável,

Inexorável,

punhado de vida

por morte e maquiagem,

canto rouco de quem

se acostumou a berrar em busca de si.

Vazio,

se decepciona a cada verbo evitado

nos lábios de quem sepulta,

na cama de quem desvenda,

no colo de uma humanidade cega e nua,

incêndio incontido no coração da natureza,

caminhos traiçoeiros atribuídos

àlguma inteligência,

embora vil,

embora aparente,

embora carne cansada e ossos secos.

Beira do mar...

O homem se entrega ao suspiro,

promessas do silêncio vindouro,

derradeiro deleite matinal,

Porém,

pescaria,

a mensagem inequívoca da cruz,

verdadeiro encontro,

outra chance, meu rapaz,

que há Deus acima de ti,

vida eterna aos que contemplam.

Beira do mar...

Já não morres!

Não mais!

Face a face...

Espelho

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 27/01/2024
Reeditado em 27/01/2024
Código do texto: T7986053
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