O TERCEIRO HÓSPEDE 7/8

O TERCEIRO HÓSPEDE VII

Um dia, ao acordar de madrugada,

Sentiu um cheiro de peru assado,

Mas a seguir se virou para o outro lado...

É só um sonho bom... fica a pensar.

Pouco depois, quando vai levantar,

chega sua esposa, com jeito de cansada

e lhe entrega alguma coisa bem pesada,

envolta numa toalha: “Vai embora,

antes que acordem as crianças nesta hora.”

“Este é o peru que tanto desejavas:

eu fui juntando o dinheiro que me davas,

come-o inteiro e não deixes dele nada...”

“Mas e tu, não comes um pedaço?”

“Se eu tirar, não será um peru inteiro.

Eu me esforcei e levantei primeiro...”

“Quero que o comas todo, integralmente.

Há muitos anos quero dar-te este presente:

vai comer, com meu amor e meu abraço!...”

O TERCEIRO HÓSPEDE VIII

“Mas, e as crianças?” perguntou Macário.

“É teu trabalho que lhes dá comida;

é muito justo, que uma vez na vida,

possas comer o teu peru inteiro.

Mas agora, pega logo e sai ligeiro,

tens de cumprir o teu labor diário...”

Macário agradeceu, profusamente,

e despediu-se da esposa, com um beijo.

Andava rápido, movido por desejo...

O peru estava quente no seu braço:

“Ah, comeria, sem deixar um traço!

O seu estômago cheio, finalmente!...

Assim pensando, se embrenhou no mato,

até chegar à clareira, muito urgente,

em que estava trabalhando, ultimamente.

O seu peru pendurou firme num galho

e passou toda a manhã no seu trabalho,

água na boca, pelo peru em seu prato!