Brinda! Brinda comigo amor.

Brinda a vida e o cotidiano

que se desvelou em horizontes

para os pés com fome de sonhos.

 

Quantas vezes, na solidão da minha noite,

na quietude das longas madrugadas,

em silêncios que galgavam fortes maresias,

estava eu, lago insone, petrificado

pelo meu olhar sobre as águas

que não mais falavam.

 

Era fogo em busca de terra,

mas não andejava mais sonhos

e nada sabia sobre viver antigas lembranças,

nem sobre os desdobramentos

das nuvens do céu.

 

Tantas e tantas vezes a solidão

e o silêncio apagavam pontes

que eu ousava projetar

e sopravam o vento

que chegava como brisa

para dentro das tempestades

que eu mesma me fazia.

 

Sei que sou a surpresa do inesperado,

a missiva que chegou

para rejuvenescer o coração

e o alimento para soprar para longe

a tormenta do seu amanhã.

 

Brinda, brinda comigo amor.

Brinda comigo o hoje

que fez tudo valer

e me colocou,

simples assim,

no horizonte do teu viver.