Abre a porta...
Abre a porta...
Pradaria,
becos,
espectros dispersos
entre barulhos de automóveis
ou simplesmente jardins de quem
rega, e rega, sem saber bem o final.
Abre a porta e vê
sorriso da moça apressada,
lágrima da mocidade enganada,
encanto do canto matinal,
contos de fadas e enfado permanente,
encontros de tantos porquês,
o sabor do suor batizado no torpor da cachaça,
abismos hereditários
e capitanias de açoites,
pranto e sentimentos que inexistem
a cada projétil existente,
a cada pecado existente,
a cada falso testemunho sobre
o cadáver do próximo.
Próximo!
Abre a porta e fecha os olhos!
É a imensidão de tanto vazio,
os jardins de concreto e lama,
a tempestade que evoca o terror
ciente do juízo de quem aguarda, há séculos,
por arrependimento, por quebrantamento,
por ouvidos que ouçam a Voz da Palavra
e olhos que compreendam a sandice
de tamanha sede por independência
e autonomia de seres carregados em
braços de outrem, sobre o colo de outrem,
seja no nascer, seja no morrer,
sendo humano, nada mais que humano.
A dor que explode, silente,
no fundo do peito...
Abre os olhos e ouve:
Boas novas, desde há muito,
te convidam à VIDA,
sim, a ti,
morto e esquecido no próprio
esquecimento,
depoimento,
suspiro derradeiro.
Não temas:
Vá a Ele,
com tudo o que tens,
com tudo o que és,
oco, vazio e entregue...
Seu nome? Jesus
Seu cálice? Vida
Seu Amor?
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela Graça sois salvos!
Efésios 2:4,5