Não lembro que caminhei

aquele tempo de araucárias

e câmera na mão.

 

Não vi as manchetes do cinema

anunciando o filme da hora.

Perdi "Uma janela para o céu"

pela minha pequenez.

 

Nunca havia observado

aquelas pessoas

paradas nas calçadas.

Quando dei por mim já estavam lá,

na parede do tempo de um calendário

que nunca soube existir.

 

Um ônibus antigo passa

na rua de preto e branco

enquanto o homem

espia a mala antes de ir...

 

Para onde vai com seu olhar

sério e compenetrado?

Caminhar em meu espírito

alvoroçado e questionador?

Ou andar o mundo

de estátuas e jovens rapazes

sentados à beira do caminho?

 

Tantas famílias, pessoas,

casas e carros antigos

desfilam mormaço e reflexão...

 

A vida se esconde

num supermercado de louças,

enquanto o menino,

de suspensório e calças curtas,

sonha um dia ser homem

em sua bicicleta de cor...

 

Foto: Maria.