Acalma
Tropeça...
Esbaforido e perdido,
pelas escadas, pelos becos,
revolução de carne vencida
sobre o colo dos derrotados
pela própria cobiça.
Tropeça e vê!
Ensanguentado, mas pulsante,
pelos decretos, onde há promessas,
comiseração nossa de cada dia,
de cada dia,
de cada esquina.
Duvida e vê!
O universo rachado sob os pés,
massapê que guarda os que aguardam
o próximo pranto, a próxima pá de cal,
inevitável, indubitável,
a toalha posta sobre a mesa
enquanto, à espera da ceia,
os corpos são envoltos pelo plástico.
Confuso, mas crê...
Não te espantes diante do mundo, menino,
que o que aqui se evidencia são apenas os
ecos da nossa rebeldia, sim,
a moralidade falsa e o verbo deletério,
que buscam a satisfação incessante,
que satisfazem a mentira incessante,
ainda que tantos tropecem,
ainda que todos pereçam,
uma tal seleção natural,
dessas que à natureza oferecem fogo e enxofre.
Mas não te entregues ainda, menino...
A propósito, se crês, é pelo propósito de quem
além e muito acima de ti, te convida ao Reino
que deve ser regado e plantado em cada
coração pervertido e contaminado,
à única e tão somente única verdade que
tem poder suficiente e exato para te curar
de ti mesmo e libertar dessas malditas correntes
que te aprisionam a cada batimento cansado.
Mas não desista ainda, menino...
Contempla!
Ouve!
Acalma...
Jesus de Nazaré