Acalma

Tropeça...

Esbaforido e perdido,

pelas escadas, pelos becos,

revolução de carne vencida

sobre o colo dos derrotados

pela própria cobiça.

Tropeça e vê!

Ensanguentado, mas pulsante,

pelos decretos, onde há promessas,

comiseração nossa de cada dia,

de cada dia,

de cada esquina.

Duvida e vê!

O universo rachado sob os pés,

massapê que guarda os que aguardam

o próximo pranto, a próxima pá de cal,

inevitável, indubitável,

a toalha posta sobre a mesa

enquanto, à espera da ceia,

os corpos são envoltos pelo plástico.

Confuso, mas crê...

Não te espantes diante do mundo, menino,

que o que aqui se evidencia são apenas os

ecos da nossa rebeldia, sim,

a moralidade falsa e o verbo deletério,

que buscam a satisfação incessante,

que satisfazem a mentira incessante,

ainda que tantos tropecem,

ainda que todos pereçam,

uma tal seleção natural,

dessas que à natureza oferecem fogo e enxofre.

Mas não te entregues ainda, menino...

A propósito, se crês, é pelo propósito de quem

além e muito acima de ti, te convida ao Reino

que deve ser regado e plantado em cada

coração pervertido e contaminado,

à única e tão somente única verdade que

tem poder suficiente e exato para te curar

de ti mesmo e libertar dessas malditas correntes

que te aprisionam a cada batimento cansado.

Mas não desista ainda, menino...

Contempla!

Ouve!

Acalma...

Jesus de Nazaré

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 08/01/2024
Código do texto: T7972021
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