Aos Teus Pés

E o teu silêncio sorriu...

Enquanto andavas à procura,

medos ocultos aos modos desajeitados

de quem jamais se compreendeu

por tamanha incompreensão,

no contemplar-se,

no entregar-se,

ao redor.

E o teu silêncio sorriu...

Enquanto andavas perdido,

valentia etílica que esconde o pranto,

fumaça de cortinas onde o ato já não vale,

vida incoerente e incapaz de viver

na palma da mão de quem jamais

se comprometeu por evidente inanição,

no cuidar,

na esperança,

fraqueza sincera ciente do fim.

E o teu silêncio balbuciou, enfim:

Caí, Senhor,

reiteradamente,

desesperadamente,

a vida inteira à espera

da paz sonhada,

da alegria desconhecida,

do fardo que se poderia ir.

E foi.

Se foi!

Quão excelsa descoberta!

Cair de joelhos para que eternamente

possa permanecer de pé...

Aos Teus Pés

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 07/01/2024
Código do texto: T7971106
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.