Pachamama
Ainda que eu construa torres, edifícios, pontes, muros, calçadas
Ainda que eu decifre enigmas, invente teorias, conte os dias
Ainda que eu proste-me em exaltação
Ainda que eu me cure de certas feridas
Ainda que eu escreva em tortas linhas minha história
Ainda que eu levante estandartes, defenda ideologias, grite, chore, sussurre
Ainda que eu ouça, que eu veja e as dúvidas persistam
Ainda que eu queira o que julgo ser meu de direito
De nada me vale!
De nada me vale!
Se o teu amor não ser meu ser
Se o teu querer não me abençonhar
Se o teu ventre não me acolher e me parir quantas vezes forem necessárias
Se tu não permaneceres junto a mim
Do raiar do sol ao deitar do luar
Que a minha busca seja por tua mais sincera e inteira aceitação
Que tua vida viva em mim, esteja em mim
Que teus desejos encontrem morada neste ser imperfeito
Que tudo me valha!
Que tudo me valha!