CAMINHANTE
Entre a realidade e a utopia,
Sigo... me interligo com a via,
Resisto às tempestades,
As inevitáveis rasuras,
Invisto no eu criatura,
Com as tonalidades,
De cada manhã,
No olhar um transcendente afã,
De pertencer à liberdade,
À pluralidade de viver...
Sigo... me vejo na paisagem,
Na passagem da aragem,
No seu misterioso ressoo,
De vez em quando voo...
Ganho altura - aproveito,
A utopia me dá esse direito,
Dia após dia,
Sinto o seu efeito,
Na inquietude do ser,
Me auxilia a manter,
As coisas concretas,
No seu lugar devido.
Sigo... sinuoso sentido,
Faz parte da aventura,
Da filosófica viagem,
De reticências e porquês.
E para me desligar da lucidez,
E dar vez a doce loucura,
Faço uso da intimidade,
Que tenho com a poesia,
Companhia de oráculo,
Transforma a travessia,
Em grandioso espetáculo.