INVÁLIDO SERENO

Triste dia em que nasci pois nunca tive chance

De escolher, e nem mesmo vivo consigo viver

Não consigo enxergar através da tristeza

Algo além nem nela mais vejo beleza

Até ela me "abandonou" então, pode-se dizer

Não há cor além de um cinza em nuance

Meus olhos fechados vão ao mar, ao vento, ao cais

Parte do meu corpo está desaparecido, desfeito

Em uma ordem desordenada tento controlar as doenças mentais

Os humanos só sabem sofrer, eles não sabem fazer mais nada direito

Eu sangro sangue sanguinolento

Violência foi o que me fizeram

Fiz de mim vítima ingênua e esperançosa

E riram da minha inocência de forma desrespeitosa

Me sobrou o vazio dos que já morreram

Meu trauma extremamente violento

A ansiedade se mostra em pequenos arrebentos cutâneos

Que são coceiras que cocei até criarem feridas

Não há motivo pra coçar o que já está morto

Essas dores emocionais que machucam o meu corpo

Tensionam o coração em aceleradas batidas

Fui deixada pra sofrer os ventos contemporâneos

Assim como sofri os ventos passados

Não adianta tentar imaginar algo no sereno lá fora

Após a alegria triste ter me abandonado!

O sereno é uma alegria triste e também irá embora

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Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 05/01/2024
Código do texto: T7969568
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