INVÁLIDO SERENO
Triste dia em que nasci pois nunca tive chance
De escolher, e nem mesmo vivo consigo viver
Não consigo enxergar através da tristeza
Algo além nem nela mais vejo beleza
Até ela me "abandonou" então, pode-se dizer
Não há cor além de um cinza em nuance
Meus olhos fechados vão ao mar, ao vento, ao cais
Parte do meu corpo está desaparecido, desfeito
Em uma ordem desordenada tento controlar as doenças mentais
Os humanos só sabem sofrer, eles não sabem fazer mais nada direito
Eu sangro sangue sanguinolento
Violência foi o que me fizeram
Fiz de mim vítima ingênua e esperançosa
E riram da minha inocência de forma desrespeitosa
Me sobrou o vazio dos que já morreram
Meu trauma extremamente violento
A ansiedade se mostra em pequenos arrebentos cutâneos
Que são coceiras que cocei até criarem feridas
Não há motivo pra coçar o que já está morto
Essas dores emocionais que machucam o meu corpo
Tensionam o coração em aceleradas batidas
Fui deixada pra sofrer os ventos contemporâneos
Assim como sofri os ventos passados
Não adianta tentar imaginar algo no sereno lá fora
Após a alegria triste ter me abandonado!
O sereno é uma alegria triste e também irá embora
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