JB Xavier
No gosto acre da vida,
Sigo com os olhos molhados,
Deambulando entre as palavras
Que sempre pensei ter sob controle,
Tentando desconstruir
A rasa sensação de impossibilidade
Em alcançar os píncaros tão sonhados....
Dorme no mais escuro dos meus porões
Um hino distorcido
Impossível, ainda não escrito
E mesmo assim dividindo águas
Nessas cascatas desconhecidas
Onde navego ao sabor das inconsequências...
Resta o que não consigo entender
Por mais que soem amigas para mim
As notas dessas canções que me sopra a vida...
Tropeço na intimidade do infinito
No instante onde a desordem
Ergue o caos que ao meu redor me chama,
Desalinham-se palavras,
Sem que consigam expressar
Ou mesmo conjugar as minhas dúvidas
Reduzidas ao silêncio
Dos lábios que buscam murmúrios
Apenas para se sentirem também paralisados
Diante deste arfar infinito
Que arranca de meu peito um grito
No árido deserto de intenções irreveladas.