CONCLUSÕES
Com o passar do tempo,
Se chega a conclusões,
Para nós, inquestionáveis.
Conclui, por exemplo,
Que chega a um momento,
Que ninguém ouve mais, a nossa voz,
Nossas falas sempre chegam atrasadas,
Por existirem vozes mais altas,
Mais coerentes,
mais oportunas de serem ouvidas,
Ou talvez muito mais rápidas,
Que chegam, sempre, antes de nós.
Conclui, por exemplo,
Que os conselhos que demos,
Estão ultrapassados!
E que, há muito tempo, fomos superados,
Por eficientes conselheiros,
Que espalham mais brilhos e mais luzeiros,
E que nossas luzes não eram nada mais
Do que simples e tênues chamas
De antigos e comuns candeeiros.
Conclui, por exemplo,
Como seria bom se tivéssemos armazenado,
Provisões de silêncios e de calma,
Para usá-las quando as nossas palavras,
Desnecessárias, se fizessem todas.
Conclui, por exemplo,
Que tudo passa na existência,
Que nada resiste ao tempo,
por nós inventado
para destruir verdades,
Para acabar com teses,
Com antíteses,
Com Axiomas, com paradoxos,
Com ideologias, com reputações,
E com juramentos de amores,
Escritos sobre pergaminhos invisíveis,
Com tintas de nossos sangues.
Conclui, por exemplo,
Que as pessoas passam, pela vida,
rapidamente ou de vagar,
mas inexoravelmente passam...!
E embora se agarrem em corrimões
De escadas imaginárias,
Ou não queiram comprar passagens nos guichês,
Sempre acaba chegando a sua vez,
E a porta é aberta e a escada gira,
E os sinos de todas as estações,
Batem, incessantemente,
Avisando que a diária do hotel foi encerrada
E que está na hora de embarcar.
Conclui, por exemplo,
Que tudo é um sonho,
E que, como sonho,
Não existe mais, quando acordamos.
( Recanto da Ana e do Erner 02.01.24- Capão Novo)