Eu olho para o mar e vejo meu pai.
Em uma manhã no final de um determinado ano, fui a praia juntamente com meu pai.
Lá, os pescadores chegavam e descarregavam na areia o fruto do seu trabalho durante toda a madrugada.
Eu silenciosamente os observo, homens simples, suas peles tingidas com a coloração única de somente quem é amigo do sol.
E enquanto o sol brilhava sobre o mar causando um fechamento involuntário dos meus olhos, mas que não me impedia de perceber a sombra do meu pai olhando para o mar, ele me disse que gostaria de ser pescador.
Eu olho para o mar e vejo meu pai.
A vida de um pescador não tem qualquer glamour. É ele, o silêncio, sua pequena embarcação e a dependência do mar, mar imenso, uma das grandes representações daquilo que chamamos de Deus.
Olhando para o mar eu vejo meu pai.