Algures, o sopro do beijo que bebestes

 

 

Talvez, talvez quando de mim branquearem os ossos.

Ou eu seja uma árvore que nasceu

das sementes de amor que espalhei ao vento...

Ou, quem sabe, eu seja nada mais

do que senão essa rosa branca

que se nutria de palavras e dos silêncios...

 

Ou, ainda, algures, o sopro do beijo que bebestes

à cada vez que zarpaste para dentro

de teus profundos silêncios

em busca de tua solidão que somente eu vesti....

 

Talvez, talvez, quando meu nome não tiver mais som

como os nomes dos poetas

e tua boca não conseguir mais pronunciá-lo por já tê-lo esquecido...

ou porque já não tenha mais significado algum em tua vida...

 

Talvez, talvez, tua alma se lembrará da beleza da flor

e tuas mãos desejarão tocar suas aveludadas pétalas...

 

Talvez seja quando teu olhar irá descobrir os meus brancos ossos

e que minhas pétalas voaram

com o vento do inverno que sopra nos trigais

enquanto minhas folhas jazem, secas, inertes, caídas ao chão... 

 

Foto: Maria.