Nem Vem! - Kova Che Hina
Nem Vem! - Kova Che Hina
Delasnieve Daspet
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Ás vezes, na verdade quase sempre, me pego conversando comigo mesma.
Sou de difícil compreensão, dizem. Mas acho que nem tanto.
Me rotulam de pedante, arrogante... tantos “antes” ... Não me conhecem.
Sempre deleto essas tolas assertivas. Nada tem a ver comigo.
Quando me olho e me sinto – sou canção. Minha voz é suave. Terna,
Amiga. Ave canora.
Meus sentimentos são poemas.
Meu sorriso – rios perenes.
Meu olhar um mundo infinito.
Sou fruto deste País. Um fruto misterioso do Brasil.
Nos cerrados sou um colibri. De néctar em néctar sobrevivo e polinizo.
Comigo levo a seiva do conhecer, que distribuo entre meus pares.
Nas matas sou o pintassilgo, voando nas orlas das florestas,
Integro o azul dos céus que recobre o olhar aflito do nosso povo.
Do mar bravio sou a onda persistente que esbraveja por justiça .
Renasço todos os dias, sou a aurora dourada pelos raios de sol da manhã,
Em busca da Paz.
Como a gota do orvalho, que não para de gotejar, busco a dignidade.
Existo. Inexisto. Opino. Falo. Participo. Faço. O coração sangra. Sonha. O pulso é firme.
Tem horas tenho medo de morrer. Outras, de viver.
Vivo a procura do meu ponto de equilíbrio na sociedade.
Todos tem sua importância. Não estamos em vão. Todos juntos – formamos a nação.
Você me julga louca? Olha a minha preocupação: ... E, ando... Não ligo a mínima.
Não posso ficar impassível diante das injustiças. É preciso mudar as regras.
Isso, também, é tão teórico. Existirá o amanhã?
Sem nenhuma certeza de nada – nem por isso, vou deixar de lutar. Esse é o meu papel.
Lutar para que todos tenham as mesmas oportunidades.
Eu, sou EU, não o que os outros acham ou gostariam que eu fosse.
Não uso máscaras. Olho de cara lavada para qualquer um.
Isso incomoda! Não vou usar máscaras.
Não sou molde para coisa comum. Não vão me moldar.
Quando nasci – só eu vim ao mundo. Naquela hora, naquele dia, naquele local.
Não compactuo com a situação em que estamos. Muitos e altos impostos.
Tudo caro demais. Falta saúde. Falta alimentos. Falta água. Desemprego. Sem dignidade.
Não me escondo na capa de outro. Não disfarço. Falo.
Ninguém me ouve. Mas não me omito. Tenho nojo do omisso.
Quando choro é de raiva, não de derrota. Sei que vou abrindo caminhos.
Alimento-me da razão e do direito.
Não deixo que a minha fragilidade sirva de ânimo para ninguém.
Ao contrário, se preciso espero o momento de agir.
Aprendi a voar. Minha vida é um canteiro de otimismo.
Não tenho dinheiro. Não desisto da luta.
Deixo a adaga pairando no ar. Que tombe e decepe o que for necessário.
Não me oculto. Não sou conformista. Não me adapto a qualquer sistema.
Sou assim. Não me rendo. Não venha adoçar meus lábios.
Nem queira molhar minhas mãos... Sei fatiar. Corto fino.
Sei a vida e saberei a partida!
Nos meus amanheceres, sou Eu!
22.12.23