a janela de vidro
fecho a janela de vidro
silêncio...
já não escuto
os trens fantasmais trazidos pelo vento
nem o canto primaveril do sabiá
nem o furdunço das vuvuzelas da praça do quartel
inconformadas com a derrota do mito
então emergem ruídos muitos
silenciosos e ensurdecedores
ecoando nos subterrâneos de mim
lá, naquelas obscuras profundezas
há uma multidão de alvoroços
não sei quem os convocou
quem os insurgiu
sua incontida revolta
ignora a janela de vidro