TEMPO AO TEMPO
No tempo, onde a pena do relógio se afasta,
Eu, nuvem perdida, desafiei a desgasta.
O tempo duvidou, pensou que não passaria, e eu passei
Porque pulei muros de solidão, a vida enganei
Recriei-me, reinventei-me, poeta me tornei,
Entendi o tempo, seu segredo, e o decifrei.
Em busca de mim, pelos caminhos vaguei,
Nos desentendimentos com o tempo, me aceitei.
Hoje passo mais lento, a vida se inverte,
Do nascimento à morte, a jornada é esperte.
Aprender a ter tempo, no tempo transitar,
Mesmo quando o vento não sopra a favor, vou navegar.
Tião Neiva