O plantar das sementes que o vento sopra onde quer

 

não há como alguém iludir-te com palavras.

se te sentiste iludido por alguém,

na verdade, foste tu mesmo a te iludir.

e quando iludidos só há um jeito de viver:

iludidos ou desiludidos.. como preferes?

 

enquanto pensas... vá... deita-te à sombra da árvore...

e não prenda a voz que grita: AMO! ...deixa gritar.

depois te calas e em silêncio ouça o eco de teu grito.

ele virá a ti de algum lugar, dentro de um coração que ama...

 

no teu encontro contigo mesmo teu pensar te dirá:

- a conquista mais importante é a liberdade de ser.

nela estará o que queres e o que não desistires de alcançar.

 

pois a omissão já passou omitida.

omite-se do hoje e do amanhã.

pertence ao passado. pois o hoje já nasceu.

e se hoje te descobriste não perdoado...

foste tu, sim tu, tu mesmo que não te perdoaste...

perdoa-te e amanhã te descobrirás purificado.

 

pois a tua dignidade não está no sofrimento ou na paz que repartes,

mas na forma como vives, guiando-te pela sabedoria...

sempre presenciamos o plantar de uma semente,

mesmo que não o colher do fruto ou o perfume da flor,

porque os frutos são a dádiva do amor e da paz,

cujas sementes o vento sopra onde quer...

 

 

Diálogo com a poesia "À sombra da árvore" de Kolemar Rios.