Antes do fim
Antes que eu me entupa de remédios
Libero as palavras
como quem abre uma gaiola
repleta de pássaros selvagens
e alguns mansos também
que vão precisar se adaptar novamente a natureza
Antes que tudo me escape
que minha mente por si só decida que basta
e não armazene mais nada
me certifico de criar memórias
Entre elas, sua voz e seus olhos
Algo há de permanecer intacto
bem dentro de mim
Antes que meu coração já fragilizado
decida bater bem devagar
ou descompassado
ou em um arroubo de emoção
dispare acelerado
Me abro para o amor
mesmo que não me ache merecedora, mesmo com medo, mesmo cedo ou tarde, agora, eu digo
eu aceito o amor Universo
eu permito
Antes do fim
no sim e não da vida
entre cores, vibrações
troca de energia
por entre plenitudes e vazios
em labirintos de emoção,
eu então vivo