LIMITES

 

Ultrapasso os limites da pele. 
Sou corpo vivo fora de corpo morto, 
viajo de poro em poro, 
olhando para dentro de mim, 
de fora, a olhar o resto, de olhar cheio, 
mirando o vazio. 

Acontece, dá-se, existo, 
sinto-me, toco-me, e penso 
que não consigo pensar. 

As árvores que dançam e sacodem os suaves 
e frescos pingos de chuva, sabem, 
tão bem como eu, que esta noite, 
sou intelectualmente mais espírito que corpo. 

E de onde ninguém me consegue ver, 
sou atirado para o infinito 
buraco negro de meus pensamentos.