O DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Água morna e limpinha

do litoral da Bahia

e lá vem, em 1500,

a nau portuguesa.

A nau traz um matemático que garante:

“Este lugar perdido já tem o seu nome, Capitão Cabral.”

Mas Cabral não encontra

o livro que manterá a primeira pergunta:

“QUEM DESCOBRIU O BRASIL?”

E por isso ele questiona os tupinambás,

interroga os tupiniquins,

escava em areias branquinhas,

até reza a primeira missa,

e ninguém responde.

Então Cabral se altera,

-enfrentaram semanas de viagem,

morreram de escorbuto,

só mastigando biscoito -

e deseja algo da água morna e limpinha,

algo muito além do descobrimento do Brasil.

Pedro Álvares Cabral deseja as alminhas,

das crianças que aqui nascerão;

salvar a todas,

pois elas se perderão

mesmo com os tratados,

as Tordesilhas,

as brincadeiras

e as especiarias!

Alguém todavia protesta:

“O que você tem a ver com estas almas, Cabral?”

O capitão não responde,

não responde e mentaliza:

o monstro do fim do mar acaba de sorrir.