Os Felizes.

Eu atravessava um mar de verdades

Embarcado numa nau de fantasias

Sendo apenas um cara comum

Assim era a rotina

Eu assim cuidei de mim

Deixando a alma lá no alto da colina

Descia pra vida

Eu era só mais um

Num mar de avenidas

Um avião de papel

Num céu verdadeiro

carregado de mentiras

Esse era o segredo

Era assim que eu vivia

E chegava inteiro, lá no fim do dia

e voltava pro mesmo caminho

Repleto de maldades e inverdades

No íntimo, outro nenhum

Eu tive que aprender a diferença

Entre concreto e quimera

Caminhar descalço e sem nada nas mãos

Somente o latido de um cão eu sabia legítimo

Primaveras verdadeiras

Flores falsas. sóis fingidos

Qual de nós soubera

Decifar seu brilho entre os olhares

Se eles foram milhares?

Subir no trem devaneio

Deslizar em meio aos trilhos

Assim, quando o dia termina

Regresso à minh'alma, lá no alto da colina

Sem pressa, dormir

Comigo ao meu lado

Repleto de calma

Sonhar um mundo perfeito

Nas ruinas do ruido do silêncio

Do imperfeito que me atinge

Saber que é apenas um sonho

Que me aflige e não me fere

Todo dia era do mesmo jeito

Hoje eu vejo olhares vivos

Ativamente em desacordo

Conhecem os segredos do mundo

Tem até vontades próprias

Pensam preferir

Preferem

E seguem sendo enganados

Fingem de outro modo

Atolados no lodo

Felizes

Perdidos na vida.

Edson Ricardo Paiva.