O entrópico toque do desejo

O entrópico toque do desejo, que sem medo

Dita as novas regras de um jogo que sequer começou.

Detalhes estudados com pouca eficiência;

Displicência na análise dos fatos.

Um ensejo, que de tão gasto, torna-se a marcação

Que usaremos para voltar e entender os dias

Folheando as incontáveis páginas de alegorias

Que já mostravam, primeiro a nós

E depois, a todos

O que já era perceptível desde o princípio.

Uma breve lição sobre consequências, causas e efeitos

Como o tombo primordial, de uma fileira vertical

De pequenos tijolinhos brancos

Que leva com ele todos os seus pares em sequência

E contam os pontos totais desta tragédia mal ensaiada.

Desta vestimenta de conto-de-fadas

Que você tão egoistamente costurou

E tão orgulhosamente os presenteou

Para que todos atuem em seus papéis

Dos quais não pediram para participar.

Das decisões amortecidas pelo afago, pelo aconchego

Pelos ombros confortáveis que você tão insistentemente rega

Na esperança de que as raízes um dia apareçam

E você as finque em solo fértil.

Nas palavras doces que afagam uma mente azeda, putrefata

Nos desencontros, esquecimentos de datas

Perceber, lentamente, mesmo que preferindo não crer;

Crendo, rapidamente, mesmo que sem perceber,

Que as escolhas foram erradas; suas raízes não estão enfincadas

E agora basta um vendaval para despencar.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 13/11/2023
Código do texto: T7930714
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