Ninho de Nuvem

 

Mas também já adormeci

ouvindo réquiens de silêncios

plantados pelas asas

de um pássaro canoro.

 

Ele seguia, desbravando

suavemente o ar

e pernoitando em um ninho

de nuvem distante demais

para a mão de poema alcançar.

 

Na aridez de sua dor

soprava notas tão tristes

que minha alma se enclausurava,

embriagada de melancolia.

 

Suas partituras se perdiam

pelas frestas do tempo,

enquanto eu me achava

em cada réquiem de despedida

derramado de seus voos

de intensas procuras...

 

Até que um dia

me achei em suas asas...