Para onde o vento quisesse me levar
Quantas vezes mergulhei neste caos de viração,
alma estrangeira de si mesma,
ébria e refém da ampulheta do tempo
e das insônias que me devastavam o espírito?
Não tinha minutos para sonhar
o cingir das estrelas
sobre a face iluminada de amor...
Os poemas da manhã
morriam nascituros...
Estrelas fugiam na cerração
quando os ponteiros do relógio
se transformavam em moinhos torturantes
e giravam minhas asas por entre a névoa, a garoa...
como um barco à deriva de suas andanças...
indo - sem remo e sem rumo -
para onde o vento o quisesse levar...
Imagem: by Monika Luniak