DEPOIS DA ALVORADA

Viver sem esperar muito,

Mas enquanto espera tudo,

Sobretudo pelo amor de fim de tarde,

Numa calçada de praia, ao alaranjado do sol.

Desce e sobe as escadas, na Orla,

Saboreando a presença e o sabor da carne,

Que ela tão bela se faz num gingado profundo.

Que não deveria ser tão sutilmente profano,

Para que não haja mais engano.

Eu testei as noites, e as noites se testaram,

E então, assim, sucumbiram ao beijo,

Do primeiro beijo do primeiro amor,

Pois se é que foi amor todos os outros...

Amores.

Não devo deixar para depois a alvorada,

Mas que tristeza é essa da vida,

Que não leva a nada,

No alto da partida?

Sucumbirão os que não temem,

E morrerão os que não creem,

Para ver outro dia mais,

As malezas da vida deixadas,

Mas que não ficaram para trás.

Morte tenebrosa,

Corretor disse ser generosa,

Cortou meu versos,

Em palavras tendenciosas,

Para a morte do viver.

Não espere muito das pessoas,

Mas muito menos de si,

Espere de Deus,

Nosso Senhor Jesus Cristo,

Pois Ele tem dito isto:

Vem e segue-me.

Obrigado, meu Pai, por mais um dia,

Que seja um entre tantos outros muitos,

Entre todos os que vivi e ei de viver,

Enquanto permitires minha permanência,

Até o dia de minha partida.

Amém.