Pedra Rolante Blues

Nas águas barrentas do rio,

Tudo está em constante fluir.

Em teu movimentar nada perdura,

Em eterno fluxo, tudo está em mudanças.

O belo nascer do sol torna-se dúbio eclipse.

As palavras não conseguem capturar o mundo.

O banquete dos canalhas é o cardápio do dia.

E quando percebe faz parte de indigesto menu.

Apesar desse finito mundo diverso,

Dos insalubres líquidos lamentados em blues,

Chorados nas cordas de Muddy Waters,

Desejo movimentar e não ficar parado

Nas águas, nada de musgo.

Na intensa correnteza em que tudo passa,

Não desejo ser levado passivamente.

Desejo ser pedra rolante

Que contém em si toda a fagulha:

Boxeador que após queda não cessa batalha,

Cair e reerguer no ciclo que permeia.

Mapeando distâncias e contabilizando cicatrizes,

Mas nunca perdendo a estrada que

Me leva nesse mar de água doce.

Enquanto cuspes emporcalham a testa,

A persistência na teimosia, o apego a razão

Que equilibra, a revolta como resistência

E enfrentamento para mudar o curso das águas.

E a busca do amor como fração de tudo que humaniza.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 24/10/2023
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