Porque bebo tanto!
Não me tomes por chato
Quando desse aguardente
Eu bebo até me transpor
Para outro eu diferente
De mim quando sóbrio,
Pois eu sempre estive ali
No corpo desse outro
Que ficou quando parti.
Se dois somos nesse eu
Que, se bebo pouco mais,
Desdobra-se de repente,
É porque, por detrás
Deste eu habitual
Que se posta em vigia
Aos olhos da falsidade,
Outro deveras já existia
De soslaio, nas vestes
De mim oportunista,
Que só me permite beber
Para te ver mais bonita.
Assim como tu são duas,
Uma que por ti se passa
E a outra mais bonita
Que vem dessa cachaça.