Porque bebo tanto!

Não me tomes por chato

Quando desse aguardente

Eu bebo até me transpor

Para outro eu diferente

De mim quando sóbrio,

Pois eu sempre estive ali

No corpo desse outro

Que ficou quando parti.

Se dois somos nesse eu

Que, se bebo pouco mais,

Desdobra-se de repente,

É porque, por detrás

Deste eu habitual

Que se posta em vigia

Aos olhos da falsidade,

Outro deveras já existia

De soslaio, nas vestes

De mim oportunista,

Que só me permite beber

Para te ver mais bonita.

Assim como tu são duas,

Uma que por ti se passa

E a outra mais bonita

Que vem dessa cachaça.

EVANY ALVES DE MORAES
Enviado por EVANY ALVES DE MORAES em 20/10/2023
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