Dos meus avós o casarão de infância

Tive também um casarão de infância

em Rio Pardo - seio materno

cidade de meus avós.

Longe vai, talvez nem tanto

a casa Branca espaçosa

de vô João e vó Nizia

casa de carinhos

lar de netos

casa afeto.

Saudade... meus queridos avós

das pedras claras

na entrada

dos jogos de bola

- goleira porta garagem

da comida caseira, mesa cheia.

Primos sempre reunidos, correria

brincadeiras, sombrio porão

de alçapão e escada

esconderijos

escuridão

pó…

Chamava à porta da cozinha

lenço na cabeça, a vó Nizia

feijão sem tempero forte,

comida farta na mesa

sabor de boia boa.

Fotos perdendo todo brilho

no álbum velho de criança,

registros de lembranças

tempo que não volta.

Tudo perfeito, no local certo:

colorido original impecável

nos recortes que ficaram

e vez em quando voltam

misturados, quentes

alegres, contentes

tudo sem igual.

Do casarão de meus avós

quase no final da ladeira

rua alta, paralelepípedo

bola forte descia descia

mas nunca se perdia.

Ainda trago, meu casarão

de minha boa infância

de avós, primas…

E a forte recordação

do braço quebrado

na descida ao porão

no alçapão da escada

na última brincadeira

de criança antes da viagem.

Bagunça e diversão na partida...

pouco antes de fechar o portão

pouco antes da triste despedida

pouco antes da séria adulta-vida.

LETRAS comigo e a guria: @alex.teixeira73poeta

Livro: Comigo e a Guria, Alex Teixeira, editora Metamorfose, AMAZON.

#letrascomigoeaguria