Quando o espelho falha
Quando o espelho falha
E a imagem se quebra
Os estilhaços perfuram
Toda e cada alegoria de si
Em si e no outro,
Do outro em si,
Das faces de si no outro.
Quando o espelho falha
E a vergonha se instala
As lascas revogam
Todo e cada suspiro de si
Em si e no outro,
Do outro em si,
Dos ruídos de si no outro.
Quando o espelho falha
E a cena se desarranja
As farpas rechaçam
Todo e cada vestígio de si
Em si e no outro,
Do outro em si,
Das marcas de si no outro.
Quando o espelho falha
E a moldura se abala
Os espinhos repartem
Toda e cada gravura de si
Em si e no outro,
De outro em si,
Dos rostos de si no outro.
Quando o espelho falha, nada reflete, tudo se opõe. Por dentro, nada de si, nada do outro. Perde-se ao pedir-se infinitas desculpas pela existência, de si e do outro.
Quão facilmente nós nos abandonamos.