A chuva se derrama

A chuva se derrama sobre

Telhados

Plantas

Ruas

E em mim

Por dentro sinto frio

Meus órgãos doem

Minha alma se descompõe

E ela, espessa, contorna o beiral do edifício

Desenha pingos na janela

Brilha o verde do eucalipto

Aviva

A vida

Eu pairo como poeira que

Tenta resistir à água

Dou pulos

Flutuo

E

Caio

E colo no jardim

Ela é bonita

A chuva

Abro meus braços

E a minha mente vai

Vai onde quer

E onde quer é você

É esperança ela

A chuva

Ou é lágrima

Também

Enquanto a chuva brinca

Sozinha

Passando seu veuzinho

Transparente nos telhados

Nas ruas

Nas plantas

Em mim

Sou só um poço

Que sorvo os pingos para

viver.