PENA(S)
PENA(S)
Janaína Bellé
Do tinteiro jorra o sangue poluído
Lágrimas e dor compõem a cena
Fizeste-me assinar a tua miséria
Ao bel-prazer como quem depena
Deixa marcas não só no papel
Enquanto assenta a tua pena
É preciso nutrição à essência
Planta parasita é tão pequena
Nem todo oprimido se torna opressor
Há relações que não valem a pena
Viver a carregar o mundo nas costas
E se culpada, aceito a minha pena
A ovelha recolhe seus destroços
Supera o inverno de forma serena
Vulnerável, a mercê da condenação
Apesar da injustiça, cumpri a pena
Farejo lobo em pele de cordeiro
O mundo gira, ao que coordena
Tomei as rédeas da própria vida
Fui eu quem assinou a tua pena!
@janaina.belle