Chuva
São 23h e pingos trazem ao crânio,
Enquanto batem no vidro, sentenças
Da vida que foram bem ou mal resolvidas.
Ao som dos riffs e solos do Led Zeppelin
(Músicas que me lembram de perambular
Pelo mundo e cantar minha própria canção),
A chuva cai serena.
A terra, lá fora, renova sua esperança,
Uma provável purificação brota no momento.
O concreto urbano e fétido
Recebe a água do céu com bom grado.
E eu mantenho o pulso firme do pensamento,
Amenizo as marcas da agitação diária,
Com frases contidas na garganta,
Sinto um sopro de alívio com o clima imposto.
Na pureza líquida, na calmaria da noite,
A chuva lembra a necessária renovação,
Um ciclo constante, um instante de mudanças.
Um dia quebrado no caos, torturado o corpo
Pelo calor, tendo gritos petrificados no caos dos acontecimentos.
Outro dia aqui, remendado perante as pressões,
Ricocheteado de estresse, mas refazendo atos...
Reconstruindo costelas quebradas, ideias
Que estavam reprovadas.
Dedicando a caixa do peito aos genuínos afetos,
Amando à pouquíssimas pessoas,
Suportando qualquer tormento,
A chuva espalha brilho, renova, faz metamorfose
Da realidade que se mostra nua.