Cio da água

Galopa a corrente

Sórdida, revolta, indiferente

Sangra, demente, até o chão dos sentimentos

Fúria incontida vestida de ventos.

No desbravar de terras e mentes

Tudo arrasta - a traiçoeira - leva em frente

Em estrondos ruge faminta

Engole gente.

Rios em tormenta

Lábios de barro

Corpo de serpente. Escárnio...

Por onde passa - na sanha - devasta

Sibila cantilenas estranhas

No batismo pagão que afoga

Propagas teus sentidos em galhofas...

Sem querer partir, represa e invade

Correnteza em desalinho de frieza covarde.

Escárnio...

Vai ceifando a vida, a terra semeada

Deslumbrada, tal torrente desafina

Engole o que se põe no caminho... estradas

Não saciada, arrebata a flor recém-nascida

Faminta, boca escancarada

Volta pro leito....

Tenta dormir, água de tormento

Te compadece

Volta pro leito...

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 01/10/2023
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