Voz calada

Distâncias, instâncias

Vives de ganância

Quanta ignorância

De mim, tens uma discrepância.

Não falares da fruta

Antes que te tens desfrutado

Não animas com tua graça

Antes que te passes pela desgraça.

Mesmo com pouco tempo

Se acabas em pirraça

Quando não tens o que desejas

Saiba que nem todo bolo tem cerejas.

Arranca de mim um sorriso

Abaixa e sobe uma careta

Não me acostumei com teu riso

Procuro ainda, uma outra faceta.

Gozo do meu tempo contigo

Triste é quem não te tem

Mas às vezes não me convém

Com tuas palavras, me fazes refém.

Por que machucas a quem te ama?

E quando me deito na cama

Para jantar, tu me chamas

E se não tenho fome, nem ligas.

Nem ligas a TV, nem ligas o computador

Nem ligas pro que eu sinto, nem ligas pra minha dor

Nem ligas a luz do quarto, nem ligas o ar condicionado

Nem ligas pro que eu tenho a dizer, mas já estou acostumado.

Vem aqui logo, diz o que tem pra dizer

Vai embora quando eu começo a dizer

Coisas que não te interessam

Não é bom quando é com você.

Raízes finco, cinco palmas do chão

Meu orgulho enterrado remoendo no caixão

Trouxe um pedaço pra você, pegue da minha mão

Minhas angústias, que calado, engolia na solidão.

Gosta de mim ou gosta de dar sermão?

Curte me deixar sonhar ou curte me ver no chão?

Risonho me tens para não ter depressão

Por dentro me destruo, me entrego à escuridão.

Doce é o ar que respiro enquanto sorrio

Amargo é o gosto da minha água

Quente é o papo e a cabeça

Frio é o meu coração.

Congela minha voz

Esquenta minha paciência

Pressiona minhas atitudes

Seca minhas ideias.

Às vezes amigo,

Me ajuda quando mais preciso

Me mata a fome e sede

Me dá abrigo.

Às vezes inimigo,

Me despreza por atitude

Não reconhece minhas virtudes

Não está comigo.

Apontar meus erros é fácil

Quero ver apontar o seus

Teu signo não te cobrirá da culpa

Se ao menos soubesse da luta.

A luta que não é sua,

A vitória que não vês,

O prêmio é a liberdade,

De estar livre do teu controle.

Recesso do sofrimento

Sentado e lendo

Um livro que gosto tanto

Feliz e sozinho, no meu canto.

Me deixa em paz! Me deixa em paz!

Vontade de ir embora pra nunca mais.

Vem aqui! Vem aqui!

Tua companhia me faz sorrir.

Dor é quando amas alguém que não te respeita

Sofrimento é continuar amando de perto aqueles que te rejeitam

Mágoa é ouvir palavras de julgamento de quem ouviste elogios

Morte é ter de mudar quem és, inibir seus desejos e conter sua verdadeira essência.

Um morto vivo, vivo por fora e morto por dentro

Caindo aos pedaços, mas sempre na luta

Pois se está vivo de alguma forma

É porque ainda há esperança.